Ricardo Marcom

Psicologo clínico e hospitalar, especialista em psicossomática. Professor de Filosofia, Sociologia e Psicologia.

terça-feira, 25 de março de 2008


ADOLESCÊNCIA


O início da adolescência é quase por definição, uma época de transição, de mudanças significativas em quase todos os aspectos de funcionamento do individuo, marcado pela ambivalência do ser adulto e o ser criança. O final da adolescência é mais um período de consolidação, quando o jovem estabelece uma identidade coesa, com objetivos e compromissos de seu papel.

Segundo Norma Haan, o inicio da adolescência é um período dominado pela assimilação, enquanto o seu final é principalmente um momento de acomodação. O adolescente de 12 ou 13 anos está assimilando uma enorme quantidade de experiências físicas, sociais e intelectuais novas. Enquanto esse processo ocorre, o individuo apresenta um estado de perpétuo desequilíbrio, onde os seus antigos padrões de relacionamento com o meio já não funcionam muito bem e os novos ainda não estão bem definidos. O grupo de companheiros é centralmente importante nesse estágio inicial, cujo sua função é de auxiliar e mediar a introdução do sujeito ao convívio social. Por fim, o adolescente de 16, 17 ou 18 anos começa a fazer as acomodações necessárias para o seu self, estruturando uma nova identidade e novos padrões de relacionamentos com o meio.

Helen Bee (1996), sugere que os primeiros anos de adolescência têm muito em comum com os primeiros anos da infância. O negativismo e o constante impulso para maior independência encontrado em crianças de dois anos, também podem ser observadas essas características em adolescente de 12 - 14 anos, logicamente em um nível de complexidade mais elevado. Muitos dos conflitos com os pais se centram nas questões de independência, passando por um período de negativismo em suas relações e contradições.
Enquanto esse impulso para independência está acontecendo, os adolescentes também estão enfrentando uma série de novas exigências, tais como, habilidades sociais, tarefas escolares mais complexas e a necessidade de construir uma identidade adulta. Essas cobranças, quando mal administradas, podem levar individuo a queda da auto-estima e a depressão, muito comum nesse estagio inicial da adolescência.

A segunda semelhança é o fato da criança de dois anos utiliza a mãe ou outra figura de apego central, como uma base segura para explorar o mundo quando se sente insegura diante de uma determinada situação. Os adolescente parecem fazer o mesmo com a família ou outra figura de confiança, em sua exploração do meio. Essa figura de confiança tende a conciliar a segurança em si projetada, geralmente proporcionada na forma de limites e regras, e ao mesmo tempo permitir a autonomia do adolescente em sua busca a independência.

A terceira semelhança entre jovens adolescente e a criança de dois anos é o egocentrismo, movimento necessário na formação do self e da identidade social de um individuo. O egocentrismo apresentado nesse período do desenvolvimento apresenta-se de forma mais intensa no cotidiano de adolescente de 13 – 14 anos, cujo suas crenças estão voltadas aos seus pensamentos e sentimentos que ocorrem de forma singular e únicas, acompanhados de um sentimento de invulnerabilidade, que pode estar por trás da aparente atração do adolescente pelos comportamentos de risco, como dirigir em alta velocidade, bebidas, drogas, e assim por diante. Nesse período, o individuo por não possuir uma estrutura de personalidade e de identidade bem definida, a influencia de grupos sociais são mais presentes em suas atitudes.

A necessidade da separação com o vinculo familiar na formação da sua identidade adulta, pode levar o adolescente a imitar alguns comportamentos apresentados por adultos. Esse processo estabelece um sentimento de segurança na formação de uma estrutura do desenvolvimento de sua identidade, até o mesmo conseguir estabelecer uma estrutura adequada, na qual não necessite mais de modelos de personalidade.
Dos 15 aos 20 anos, o adolescente com sua estrutura de personalidade e de identidade social pré-definida, passará por um processo de acomodação das assimilações realizadas em períodos anteriores e de suas novas experiências, até a estruturação final de seu desenvolvimento social e psíquico.
Ricardo Marcom

O mal estar da educação

Em ano eleitoral ocorre um fenômeno bastante interessante que é o surgimento de pessoas de “boa vontade”, preocupados com temas que tornam a nossa sociedade um verdadeiro caos, teorias e soluções para esses problemas são expostas pelos meios de comunicação e principalmente nas campanhas eleitorais. È absolutamente normal observar os nossos políticos empenhados na discussão de problemas como saúde, emprego, educação, entre outros em suas empreitada eleitoral. A educação é um dos temas favoritos para serem discutidos em ano de eleição. Como já é de conhecimento de toda a população, o Brasil tem um dos piores sistemas educacionais do mundo, segundo o ranking da Unesco para ciência educação cultura que avalia o desempenho educacional de 121 países com base no cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação (IDE). Este índice é obtido pela soma de dados da alfabetização, matrícula na escola primária, qualidade na educação e paridade de gênero na escola. Estamos na 72ª posição. Bem atrás, por exemplo, do México, 48ª colocado, e da Argentina, que está no 50º lugar. Também estamos atrás da Indonésia, Venezuela e Panamá. Sabemos que a educação é o alicerce do desenvolvimento de qualquer sociedade, mas antes de falarmos em sistema educacional, temos que falar de educação, aquela educação que faz parte dos princípios básicos de convivência entre seres humanos com o seu meio, aquela educação que mantém o equilíbrio e a harmonia em uma sociedade, aquela educação que diferencia um país subdesenvolvido de um país desenvolvido, de um bom caráter de um mau caráter, aquela educação que aprendermos ainda no berço. Deveríamos ensinar antes de qualquer outra ciência, um conceito básico da filosofia na busca pelo conhecimento, o amor fraterno, amizade e o respeito pelo saber. Como eu posso aprender algo, se eu não respeito o que eu estou “aprendendo”, ou ao mesmo eu não me respeito e muito menos aos outros. É um tanto contraditório quando eu vejo um político falando de educação, se eles desconhecem o que é isso, fato esse comprovado nesses últimos anos de corrupção escancarada. É estranho ver uma emissora de televisão falar da importância da educação, se ela mesma menospreza os seus programas educativos e o pior, valoriza as banalidades, considerando heróis aqueles que participam de reality show. Devemos sim falar de educação, mas com muito respeito e lembrando aquele velho jargão popular que educação começa em casa.

Ricardo Marcom