Ricardo Marcom

Psicologo clínico e hospitalar, especialista em psicossomática. Professor de Filosofia, Sociologia e Psicologia.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Somos livres! E agora?

Há exatamente 23 anos, o nosso país conseguiu romper as correntes do período mais obscuro de opressão da nossa liberdade. A Ditadura Militar que ocorreu de 1964 a 1985, caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o sistema. Em 1988, a constituição foi aprovado e finalmente o Brasil pode viver em uma sociedade democrática e tecnicamente “livre da censura”. O sentimento de liberdade pôde ser compartilhado por toda uma nação, vitima das mais cruéis violações dos direitos humanos. Bom, 23 anos se passaram, e agora? Somos livres, mas não sabemos viver em liberdade. A imprensa é assumiu o papel de principal formadora de opiniões do nosso país, mas restringiu-se a promover o sensacionalismo em troca de alguns bons trocados. Mobilizar a atenção da massa é uma atividade relativamente simples, basta expor a miséria alheia e bons pontos de audiência ou venda de revista e jornais viram. O caso da garota Isabella é um bom exemplo disso, não se fala em outra coisa há quase duas semanas, fotos da garota são expostas, hipóteses são levantadas, acusados, entre outros itens estão fazendo o entretenimento da população, como nos tempos da Roma antiga com o Coliseu, onde muitas pessoas foram mortas para a diversão do povo. O sofrimento da família e principalmente o da mãe também fazem parte do jogo da noticia perfeita. Esquecemos do período obscuro de nossa história e estamos fazendo como em um ato de compulsão à repetição as mesmas coisas que a Ditadura Militar realizou em 21 anos, estamos desrespeitando os Direitos Humanos com intermédio da imprensa e o seu declarado abuso de poder sobre a opinião nacional. É por essas e outras que eu acho que os Romanos estavam certos, o povo precisa de pão e circo e não de liberdade. Não culpo os jornalistas por isso, mas a grande parte de nossa população que contribuem pela manutenção dessa postura de nossa imprensa extremamente sensacionalista e sem escrúpulos.

Ricardo Marcom

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